3 de dezembro de 1981

“Os 10 conselhos de Manuel Ribeiro"

1981-12-03
“Os 10 conselhos de Manuel Ribeiro, segundo o autor — Um dos melhores romancistas brasileiros, com reconhecimento inclusive no exterior — chegou a ser alvo de matéria destacada no famoso The New York Times, já poucos anos —, o escritor João Ubaldo Ribeiro entrou numa nova seara: a política. Autor de sucessos literários como Sargento Getúlio, Vila Real e Livro de histórias, João Ubaldo, que está morando em Portugal, acaba de publicar Política — quem manda, por que manda, como manda. É um autêntico curso prático dado por um ex-professor de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia, que tem mestrado em Administração Pública e Ciência Política pela Southern California University. No final deste livro, João Ubaldo apresenta um decálogo de bons conselhos que seu pai, professor Manoel Ribeiro, lhe deu, pensando em torná-lo um ‘cidadão honesto e prestante’. Aqui, a síntese da interpretação feita por Ubaldo sobre os ensinamentos recebidos e, que viraram sucesso nacional também, a explicitação do próprio Manoel Ribeiro, em entrevista concedida ontem”, Opinião e Análise, Correio da Bahia, 3 dez. 1981.

JUR:“Não seja ignorante. Não ser ignorante é um dos mais sagrados direitos que você tem, e, se você não usa voluntariamente esse direito, merece tudo o que de adverso lhe acontece. (...) Se lhe negam o direito a não ser ignorante, você tem o direito de se rebelar contra qualquer autoridade”.

1 de setembro de 1981

“Explicação de Glauber Rocha”

1981-09-01
RIBEIRO, João Ubaldo, “Explicação de Glauber Rocha”, JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, Portugal, Lisboa, ano 1, no 14, 1 a 14 set. 1981.

JUR: “Dizia – se não me engano e, provavelmente, me engano – Dilthey que as ciências humanas se distinguiriam das chamadas ciências físicas em que a tarefa da ciência física era explicar, enquanto a da ciência humana era compreender. (...) Dilthey (...) termina por contribuir um pouco para enxergarmos que se pode explicar profusamente algo, sem que se chegue jamais a compreendê-lo. Com meu amigo Glauber Rocha, acontece precisamente isto. Sempre houve uma fúria explicativa em torno dele, mas muito pouco dessa azáfama crítica chegou perto de compreendê-lo. (...)".

JUR: "... E Glauber não era um filósofo, embora fosse; nem era um caudilho, embora fosse; não era um messiânico, embora fosse; e não era um herói, embora fosse e sempre tivesse sido. (...)".

JUR: "... Glauber era um gênio. Digo isto com toda a responsabilidade de usar uma palavra hoje tão aviltada, digo isto sem deslumbramento. (...)".

JUR: "... A expressão que ele mais usava, quando descobria um pensamento ou obra de arte em que punha esperanças, era ‘corte epistemológico’. Foi dado o corte epistemológico, eles têm que ver! – berrava ele. (...)".

JUR: "... tornou-se irrotulável e, portanto, detestável. (...)".

JUR: "... me disse ele do hospital, ao telefone: (...) viva o nosso Império de Brasil, Portugal e Algarve, viva Dom Afonso Henriques, viva a língua portuguesa, viva nós, que sabemos e não nos curvamos (...), viva a Nossa Grande Merda! Viva, respondi eu, chorando um pouco. Viva Camões! – disse ele – e viva Eça! Cale a boca, Glauber – disse eu – você está precisando se poupar. Que é isso, eu não vou morrer, disse ele, nenhum de nós vai morrer. Viva nós, disse ele, chorando também, viva o povo, viva o nosso orgulho, ai meu Deus. (...)".

JUR: "... Tudo isso ele disse e eu dou fé e nunca mais, se Deus for servido, eu falo na morte dele”.

“Na morte de um grande cineasta”

1981-09-01
Não assinado, “Na morte de um grande cineasta”, JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, Portugal, Lisboa, ano 1, no 14, 1 a 14 set. 1981.

“João Ubaldo Ribeiro, que aqui evoca Glauber numa crônica que fala por si, (...) foi das pessoas que mais o acompanharam, nas suas últimas semanas de vida”.

1 de maio de 1981

“O prazer da leitura — Livro de histórias, de João Ubaldo Ribeiro”

1981-05
AMADO, Jorge, “O prazer da leitura — Livro de histórias, de João Ubaldo Ribeiro”, Leia Livros, mai. 1981.

JA: “João Ubaldo Ribeiro é um bisneto baiano de Rabelais”.

15 de março de 1981

“João Ubaldo — O sertão e sua gente"

1981-03-15
PONTES, Mário, “João Ubaldo — O sertão e sua gente segundo um bem sucedido contador de histórias”, O Globo , Rio de Janeiro, 15 mar. 1981.

MP: “Se o Nordeste em geral, com seus coronéis e cangaceiros, suas secas e retiradas, inspirou toda uma geração de romancistas, o sertão em particular, com sua herança medieval, permanece um filão quase virgem para a ficção brasileira. A verdade é que poucos até hoje tiveram olhos para distinguir o que há de específico na cultura plantada há séculos nas caatingas, e que, graças ao isolamento, conservou valores já perdidos pela civilização de beira-mar. Dessa especificidade tem consciência o contador de histórias João Ubaldo Ribeiro”.