29 de março de 2012

“Um conto e duas histórias”

Ciclo de Quintas-Feiras Culturais.

MAPA - Associação Cultural e Livraria Galeria Municipal Verney - Câmara Municipal de Oeiras.

Livraria Galeria Municipal Verney.

27 de março de 2012

“Quem teme a literatura?”

"Conversas Atlânticas"
27 de Março de 2012, Livraria Bulhosa, Lisboa.

"Diálogo literário com Mayra Santos-Febres (Porto Rico) e Juva Batella (Brasil)".
Moderador: Kristian Van Haesendonck.

24 de março de 2012

“Poesia Latino-americana”

Dia Mundial da Poesia 2012.

Plano Nacional da Leitura (Ministério da Educação e Ciência e Secretaria de Estado da Cultura) e CCB - Centro Cultural de Belém.

Sala Almada Negreiros.

poesia latino
americana
Poeta convidado
Armando Romero
das 15h às 19h
Sala Almada Negreiros P iso 1
em colaboração com a Casa da Amé rica Lat ina lat ino-americanos residentes em portugal
dizem poesia da américa lat ina
cada leitor escolhe poetas
na sua língua de origem
15h
Apresentação de José Manuel Fajardo.
Com:
Antonio Sarabia, escritor mé x ico
Cláudio Hochman, dramaturgo e encenador argent ina
Cristina Norton, escritora argent ina
Erica Zingano, poetisa brasil
Juva Batella, escritor brasil
Karla Suárez, escritora cuba
Katia Hernandez, jornalista mé x ico
Lauren Mendinueta, poetisa colômbia
Magdalena Lopez, investigadora na FL-UL venezuela
Ozias Filho, poeta brasil

Ramón Peralta, poeta mé x ico

7 de março de 2012

“Conversa com a Srta. Língua Portuguesa”

“Conversa”, JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 7 Mar. a 20 Abr. 2012, p. 14-15.

32 declarações de amor à Língua Portuguesa, por escritores e criadores dos diferentes países lusófonos.




"Conversa"


— Preciso escrever para ti uma declaração de amor.

— Não há coisa mais fácil… Diz que sou bela.

— Isto todos já disseram; já não tem piada…

— Diz então que sou flor inculta e que venho do Lácio.

— O Olavo já disse.

— Esplendor e sepultura, lira singela, desconhecida e obscura…

— Ele mesmo, idem, ibidem.

— O que dizer? Diz que não sou mais do que as outras, mas que sou tua...

— Isto o Vasco já disse.

— Que graça… Diz o que faço: formo frases instáveis e…

— O Gastão disse isto.

Cruz! Tudo já foi dito?

— Acho que sim...

— Então tudo está por dizer no que já foi dito…

— Isto já disse o António.

— O Ramos Rosa?

— Em pessoa.

— Já agora… e o Fernando, o que disse?

— Escreveu que tu és pátria.

— E tu?

— Eu não tenho pátria; tenho mátria e quero frátria.

— Então diz isto!

— Não posso; o Caetano já disse…

— Adoro nomes… Então diz assim: “Amo-te”.

— Os portuguesem dizem assim.

— E que tal: “Te amo”?

— Os brasileiros dizem assim.

— Diz então que nasces com as minhas palavras dentro da tua barriga, e que, quando todas as minhas palavras acabam, tu morres, e…

— Isto quem disse…

— … e que é por causa disso que os mortos não falam…

— Isto é bonito, mas, como eu ia dizendo, isto quem disse foi o povo Dogon, lá da África. É uma crença…

— Meu caro Juva, não sei bem o que vais dizer na tua declaração de amor a mim… Não podes dizer que sou obscura, que sou flor, tuba de alto clangor e lira singela… Também não podes dizer que sem mim não serias o que és, porque o que és é mais do que aquilo que falas e escreves…

— Pois…

— Eu sei que queres dizer que me entendes inteira, que me dominas e que graças a mim fazes com que os outros te percebam e te admirem. Sei que queres dizer que sou a vertiginosa lista de todas as palavras, todas as combinações de palavras e todos os sons das bocas de meio mundo. Não sou. Sou mais.

— Muito mais… devagar. Estou a tomar notas...

— Talvez queiras acreditar que tenho em mim palavras que nenhuma outra língua tem e que sou a saída para a tua ânsia de querer expressar, querer entender e querer não esquecer.

— Sim, sim…

— Talvez prefiras acreditar que sou e surjo muito mais e melhor da forma como me escrevem, e talvez depois percebas que, na verdade, sou muito mais, e melhor, do modo como me falam, embora no fundo intuas que eu esteja muito mais próxima de mim mesma, e de ti, quando sou da maneira como me pensam… Anotaste?

— Sim. Disseste tudo. Como sempre… Obrigado.

— Conta comigo, sempre que precisares…

— Conto, sim, amada Língua! Quando eu conto, é sempre contigo.