20 de novembro de 1986

“Assim falava Glauber”

1986-11-20
RIBEIRO, João Ubaldo, “Assim falava Glauber”, O Nacional, 20 a 26 nov. 1986, p. 14.

JUR: “O pensamento de Glauber, o mais profundo, visceral e comprometido homem de esquerda brasileiro, não foi compreendido, e essa incompreensão se deveu basicamente a dois fatos (mascarados ainda hoje pela palhaçada em torno do ‘gênio morto por estar adiante de seu tempo’, nova maneira de desvirtuar o que ele fazia e queria):

"a) a ignorância que assola o País;

"b) a colonização que assola o País, a ponto de se recusar qualquer legitimidade ao pensamento autóctone, que não seja sancionado por esquemas importados (...)".

JUR: "No pensamento político de Glauber, um aspecto lhe rendeu mais inimigos e desafetos do que qualquer outro. (...) a sua posição quanto aos militares. A burrice (...) faz equivaler os militares brasileiros a uma classe social. Dentro dessa perspectiva, os militares, que são ou foram, efetivamente, os agentes políticos mais visíveis e mais autoritários ao nível imediato, eram vistos como a coisa a se odiar. Isto, como Glauber disse tantas vezes (...), era uma burrice e uma traição à Pátria. Pois, se os militares têm sido agentes desse ou daquele processo, não são agentes autônomos, nem é contra eles que se deve voltar o furor revolucionário. (...) É um processo muito complexo, do qual um dos subprodutos mais visíveis são as falsas divisões da sociedade brasileira entre facções visceralmente opostas, como militares e civis, padres e não-padres, polícia e não-polícia".

JUR parafraseando Glauber: “... o General Figueiredo devia fechar o Congresso, chamar os verdadeiros intelectuais brasileiros (...) e fazer as reformas no tapa. Só as Forças Armadas, sob a direção de grandes generais (...) é que podem impor a direção do povo brasileiro para o desenvolvimento, a abolição dos privilégios, a consecução de grandeza nacional, porque as Forças Armadas estão agora erradas, brigando, no fundo, contra elas mesmas. O General Figueiredo devia ser como Napoleão: fechar, legislar, fazer em nome do povo brasileiro, por cima do empresariado falsamente progressista, dos intelectuais falsamente revolucionários, dos sistemas políticos falsamente representativos. Eu acredito nisso".

11 de agosto de 1986

“O que sei é que começo pelo título”

1986-08-11
CARDOSO, Beatriz, “O que sei é que começo pelo título”, Tribuna Bis, Tribuna da Imprensa, 11 ago. 1986.

BC: “... Lembra com saudade um ‘amigo do coração’. Alguém que, como ele mesmo diz, ‘não precisava falar para conversar. Às vezes a gente ficava em silêncio até um abrir a boca e dizer ‘mas não’. Como se estivéssemos no meio de uma conversa. E o outro entendia’. Esse amigo era o cineasta Glauber Rocha, que, segundo o escritor, ‘morreu e me deixou f...’”.

“O que sei é que começo pelo título”

1986-08-11
CARDOSO, Beatriz, “O que sei é que começo pelo título”, Tribuna Bis, Tribuna da Imprensa, 11 ago. 1986.

JUR: “Esse negócio de processo criador é coisa de crítico”.

3 de março de 1986

“Um canto de amor à formação e às lutas de nosso povo”

1986-03-03
CARVALHO, José Reinaldo, “Um canto de amor à formação e às lutas de nosso povo”, Cultura e Esportes, Tribuna Operária, 3 a 9 mar. 1986.

JRC: “Conhecedor profundo do folclore, daquilo a que podemos chamar psicologia social, da história, do homem que a protagoniza e da terra que é seu berço, João Ubaldo revela suas verdades e seus mistérios, sua vontade coletiva, imperceptível, muitas vezes inconsciente e impronunciada, mas sempre real e pungente. (...) João Ubaldo urde com exemplar maestria fabulações sobre almas desencarnadas e encarnações e reproduz diálogos entre orixás, babalorixás e ialorixás, os deuses e deusas do Olimpo da Bahia...”.

1 de janeiro de 1986

“History of a Fishing Expedition”

1986
“History of a Fishing Expedition”, by João Ubaldo Ribeiro, in Latin America: Mith and Reality – A Radio Play Series of the Westdeutscher Rundfunk, Cologne, 1975-1987 (translation by Ray-Güde Mertin, director Hans Gerd Krogmann, production WDR 1986, stereo, time 57:15)

“João Ubaldo Ribeiro’s radio play, in which the author conveys, with a strong feeling for tradition and in language close to that spoken by the people, the mentality of the ordinary human beings in his home village...”