Campos de Carvalho, Tribo, ed. Pongetti.
Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, Editôres, 1954
Palavra dos editores:
Este é um livro desconcertante.
Não se situa em nenhum gênero conhecido, nem tampouco procura situar-se. Escreveu-o o autor sem qualquer plano preconcebido — no ônibus, nos cafés mais infectos, até no meio da rua — pelo prazer único de conversar consigo mesmo, já que lhe faltavam confidentes com os quais pudesse trocar idéias ou simplesmente combater o próprio tédio.
Se resultou num livro triste apesar de tudo, não terá sido certamente por culpa do autor, que nele usou e abusou do direito de ironizar a vida, os outros e sobretudo a si mesmo, com uma audácia que não será muito comum nestes tempos de evasivas, de reticências e de hesitações. O humour — por vezes cáustico e impiedoso — foi a única norma que se impôs o autor nesse tête-à-tête personalíssimo a que se viu forçado numa cidade de quase três milhões de habitantes (sem contar os fantasmas) o que não impediu que muitas de suas páginas descambassem para o lirismo mais puro ou para a jeremiada mais inconsequente, como de resto ocorre a todo espírito que se vê entregue à própria sorte e se põe a imaginar o que poderia ser a vida se não fôsse o que é e há de ser eternamente, enquanto durar o mundo.
Irmãos Pongetti Editôres – Rio de Janeiro