28 de novembro de 1987

“A odisseia do lobo da ilha"

1987-11-28
MORAES NETO, Geneton de, “A odisseia do lobo da ilha — João Ubaldo Ribeiro traduz Viva o povo brasileiro para o inglês e prepara um novo romance, O sorriso do lagarto”, Entrevista, Caderno Ideias, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 nov. 1987.

GMN: “O Brasil é um país que vive uma crise crônica de identidade. Escrever livros como Viva o povo brasileiro é uma maneira de exorcizar essa crise?".

JUR: “Você já coloca uma premissa sobre a crise de identidade. Acontece que não acho que o Brasil viva uma crise de identidade permanente. (...) Não escrevi pensando na identidade nacional nem em coisa nenhuma. Eu escrevi, simplesmente. E o que resultou? Uma outra coisa. Não sei o que é. Não é uma tentativa de entender o Brasil. (...) Eu poderia mentir a você abundantemente sobre o que resultou a partir do que os outros escreveram e pensaram. Mas é só um romance”.

30 de maio de 1987

“O jovem João Ubaldo, raivoso”

1987-05-30
AIDAR, José Luiz, “O jovem João Ubaldo, raivoso”, Jornal da Tarde, São Paulo, 30 mai. 1987.

JLA: “O Brasil, para ele, é país desconhecido".

JUR: "Se você ouvir o depoimento de um nordestino a respeito do que acontece no interior do Maranhão, no interior do Piauí, no interior da Bahia, no interior de Sergipe, você pensa que realmente ele está inventando coisas, inclusive porque esse tipo de coisa é encorajado. A descrença em torno desse tipo de depoimento é encorajada porque, no tipo de situação que vivemos hoje em dia, não se quer saber da existência, por exemplo, de focos de rebeldia (entrevista de 1977)”.

24 de abril de 1987

“Viva o povo brasileiro pra inglês ler”

1987-04-24
GUSMÃO, Marcos & FREIRE, Alberto, “Viva o povo brasileiro pra inglês ler”, Caderno 2, A Tarde, Salvador, 24 abr. 1987.

JUR: “... aqui se fala pouco de mim mesmo. Eu mostro a vocês mais recortes a meu respeito em Londres, onde não sou grande sucesso (risos), do que aqui (...)”.

MG e AF: “Suas obras têm sido objeto de inúmeras teses de mestrado e doutorado. Como você vê estes trabalhos?”.

JUR: “Às vezes, é interessante, quando não é esterilizante. Uma obra literária é uma coisa viva. Por mais que esteja morto o autor e que o livro seja um objeto inanimado, toda pessoa que lê constrói e vive aquilo. Quando encaram o livro como um patologista encara um cadáver para dissecar, me deixa frio, um pouco impaciente, porque não é iluminador. Proscrevem a obra a um pseudoreinado da razão e somente a razão vai dar palpite. Aí você vira o idiota da objetividade e acaba produzindo uma coisa estéril, que não leva a ponto nenhum, porque só a razão não adianta”.