21 de dezembro de 1983

“João Ubaldo Ribeiro: histórias de riso, lágrimas e fantasia”

1983-12-21
PACHECO, Fernando Assis. “João Ubaldo Ribeiro: histórias de riso, lágrimas e fantasia”. JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, ano II, nº 48, Lisboa, Portugal, 21 dez. a 3 jan. 1983.

JUR: “Existe sim uma especificidade baiana. Existe porque nós somos um povo meio esquisito. (...) ... todos somos culturalmente mestiços. Muito fortemente mestiços. Isso significa que os pretos da Bahia, violentados como escravos, durante trezentos anos mantiveram a sua identidade cultural, preservaram a sua língua e domaram o colonizador, obrigaram à sua crença, instilaram nele parte de sua própria humanidade, e hoje o colonizador não se livra mais dessas coisas. Tudo isso à custa de uma tragédia imensa! (...) A Bahia sempre conviveu com tendências conflitantes. Os pretos baianos tiveram de certa forma que esquecer isso de ser preto humilhado, escondido da polícia até para cultuar seus orixás, seus santos, sua religião. E até hoje os baianos não se decidiram, vivem nessa. (...)... mais que hesitação: esquizofrenia. É o que sobretudo confere à Bahia a sua especificidade. A Bahia não é um estado simples. (...) ... não se pode esquecer que Canudos aconteceu na Bahia. Eu acho que a Bahia é o coração esquizofrênico do Nordeste brasileiro. Está no meio do caminho: para baixo, já começa a ser Sul...”.

11 de setembro de 1983

“João Ubaldo às voltas com mil páginas”

1983-09-11
Não assinado, “João Ubaldo às voltas com mil páginas”, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 11 set. 1983.

Jornalista: “Viva o povo brasileiro é dedicado ao amigo e companheiro de muitos anos, Glauber Rocha”.

Jornalista: "Glauber Rocha (...) e João Ubaldo se conheceram na adolescência, no Colégio da Bahia, mais conhecido como Colégio Central, em Salvador, dando início a uma forte e inseparável amizade. Juntos, lideraram a efervescência cultural de Salvador a partir do Central, onde fundaram a revista ‘Mapa’ e desenvolveram intensa política estudantil. Estiveram juntos também na primeira equipe de reportagem do Jornal da Bahia, segundo mais importante jornal da capital baiana, e integraram um grupo de intelectuais baianos que costumavam perambular pelas livrarias”.

JUR: “Foram as mentiras de Glauber Rocha que me obrigaram a estudar a fundo a literatura norte-americana. Ele andava dizendo a todo mundo que eu era o maior especialista no assunto e eu era obrigado a estudar mesmo para tentar fazer frente ao que ele dizia”.

3 de setembro de 1983

“João Ubaldo Ribeiro: Viva o povo brasileiro”

1983-09-03
PRATA, Vander; ESCARIZ, Fernando; RISÉRIO, Antônio, “João Ubaldo Ribeiro: Viva o povo brasileiro”, Jornal da Bahia, Salvador, 3 set. 1983.

JUR: “... havia ‘turistas’ cujo conhecimento da obra de Glauber era inferior ao conhecimento de cosmologia de Pepeu Gomes, chegavam em Sinatra (sic, Sintra), para pegar a empregada de Glauber e dizer que ‘cadê aquele fdp’. Não adianta você ficar dizendo agora fulano fez a abertura, Geisel não sei o quê. Glauber nunca foi realmente sacado por ninguém e foi vítima de uma pressão horrorosa”.

JUR: “Como disse meu amigo Zé: ‘... eles não têm personalidade para sentir o Deus e o sol na terra do Diabo’”.

18 de março de 1983

“João Ubaldo Ribeiro: ‘Há que repensar Portugal’”

1983-03-18
XAVIER, Leonor, “João Ubaldo Ribeiro: ‘Há que repensar Portugal’”, Entrevista, O Mundo Português, Rio de Janeiro, 18 mar. 1983.

JUR: “Eu fui a Portugal um pouco por invenção do Jorge Amado. (...) E depois, quando eu cheguei, ele me abriu muito as portas”.