1970-07-08
RIBEIRO, João Ubaldo, “Como ser um intelectual (I)”, Coluna Satyricon, Jornal da Bahia, 8 jul. 1970.
JUR: “Para ser um intelectual, é necessário que você possua algum talento. Não cultura ou inteligência porque estas, às vezes, atrapalham bastante (...). As alegrias da vida intelectual são esquivas e fugidias, só compensando para aqueles que a elas dedicam todos os seus momentos, na inefável busca de maiores alturas para o espírito. (...)
"2. O intelectual tem crises de angústia — As crises de angústia são absolutamente indispensáveis para a manutenção de uma imagem adequada. Não é difícil angustiar-se, embora os detalhes fiquem a cargo da imaginação e do senso artístico de cada um. Alguns gritam repentinamente, outros permanecem silenciosos durante horas a fio. (...)
"4. Os intelectuais acham engraçadas coisas que ninguém acha engraçadas, nem mesmo os outros intelectuais — Há diversas oportunidades para que o intelectual se manifeste com gargalhadas (...). Entre estas, se encontram filmes dramáticos americanos, concertos de música clássica, conferências sobre fissão nuclear, tragédias de Sófocles ou filmes dinamarqueses sem legendas. A risada, preferivelmente, será dada com uma leve curvatura de cabeça para trás e pode, na maior parte dos casos, ser seguida de um pequeno comentário, tal como ‘absolutamente fantástico’, ou ‘que loucura’”.
Gostaria de saber como conseguir uma cópía digital de qualquer crônica da Satyricon, pois estou escrevendo uma dissertação de mestrado sobre Vencecavalo e o outro povo.
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