1 de janeiro de 1999

Banda Forra (Campos de Carvalho)

Campos de Carvalho, Banda Forra, São Paulo, 1941.

Banda Forra

São Paulo: Estabelecimento Gráfico Cruzeiro do Sul, 1941.

Sumário do livro:

1. Palavras de Prefacio
2. Da Tristeza Brasileira
3. Do Primado da Intelligencia
4. Da Arte do Cabotinismo
5. Do Casamento Precoce
6. De Medicina e de Medicos
7. Da Felicidade Psychopathica
8. Da Inferioridade da Mulher
9. Da Harmonia Conjugal
10. Da Literomania, e o que vem a ser




Epígrafe:

Je suis venu trop tard dans un monde trop vieux.
(Rolla)

Trecho (Palavras de Prefácio):

"Banda Forra dizia-se, ao tempo de nossos avós, daquelle escravo que, tendo juntado pequeno peculio, ou esportula, conseguia com elle comprar ao seu senhor certo quinhão de liberdade, podendo então trabalhar para si aos domingos. De posse desse quasi nada de independencia, cultivava seu roçado de dez a vinte palmos de comprido, arranjava peculio novo e maior para conquista de maior liberdade, e tinha-se com isso por muito feliz e contente da vida. Labutava como um mouro nos seis dias da semana para abarrotar ainda mais as arcas prenhes do patrão, mas dava-se por compensado de todas as dôres e desgraças do mundo quando, ao fim, podia dispôr de algumas poucas horas para cuidar apenas de sua existência." (págs. 11 e 12)

Trecho (Da Literomania, e o que vem a ser):

“Uma das obsessões que mais fundamente costumam vincar o caracter de certas creaturas, preferentemente de creaturas que sejam geradas por intellectuaes ou artistas da penna, é, sem duvida, a que chamamos de “literomania”, e que trataremos de expôr o que seja.

Chamar-se-á literómano, em uma palavra, o cidadão que enxerga as coisas deste mundo, e não raro as do outro, através das lentes fantasistas da literatura, como provavelmente faziam seus paes e avós mais remotos. Outros preferirão chamal-o, com naturalidade, literato obsedado e maluco, creatura desmiolada, e outros termos mais, o que vem a dar na mesma desde que se trate de igual phenomeno. Si a veia lhe arrebenta para o lado da Poesia, em tudo ha de vêr tal especimen côres e harmonia, rythmos e paixões inspiradoras: e fará versos com a naturalidade com que outros fazem a digestão. (...)” (págs. 101 e 102)

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