"Um fama tinha um relógio de parede e dava-lhe corda todas as semanas. Com grande cuidado. Passou um cronópio e ao vê-lo pôs-se a rir, foi para casa e inventou o relógio alcachofra ou alcaucil da espécie grande, preso pelo caule a um buraco da parede. As incontáveis folhas do alcaucil marcam a hora atual e além do mais todas as horas, de maneira que basta o cronópio arrancar-lhe uma folha para saber a hora. Como ele as vai arrancando da esquerda para a direita, a folha marca sempre a hora exata, e cada dia o cronópio começa a tirar uma nova rodada de folhas. Ao chegar ao coração, o tempo já não se pode medir, e na infinita rosa roxa do centro o cronópio encontra um grande prazer (...)."
Julio Cortázar, "Relógios", in Histórias de cronópios e de famas, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1972, p. 121-122.
pois.
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