Para quem é que escrevo? Quem é que sou e onde é que estou enquanto escrevo? Penso num menino em mim que me lê enquanto escrevo? E esse menino sou eu? Como é que faço para o reconhecer ou saber que sou eu? Daqui, de onde acredito que o vejo, posso chegar a ele, ao que pensa e ao que gostaria de ler? Se esse menino sou eu, posso voltar a ser novamente esse menino no instante em que escrevo, ou a distância no tempo nos tornará sempre distantes? Se consigo vê-lo, vejo-o com que olhos? Os de hoje, a olhar para um menino que fui, ou os olhos de ontem, de modo a que esse menino consiga olhar para si próprio e assim escrever, (des)escrevendo-se a si mesmo?
Enquanto não conseguir responder a tudo isso, não escreverei. E só conseguirei responder a tudo isso se escrever.
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