16 de outubro de 2012

"Uma homenagem à Língua Portuguesa"



17 a 19 de Outubro de 2012, Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL); Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.


Juva Batella apresenta uma dramatização que tem como tema "Uma homenagem à Língua Portuguesa".

1 de outubro de 2012

“Diante do espelho”

9. “Diante do espelho”, Revista Lilica and Tigor, São Paulo, out. 2012 (data aproximada).

A vida é uma coisa que vai acontecendo aos poucos, tim-tim por tim-tim, mas às vezes não é bem assim. O programa em si, apesar de aguardado e vivido como “dia especial”, foi bem prosaico. Dizem, no entanto, que é no vai e vem das ondas desse ir e vir cotidiano que se desvelam as cenas que nos transformam – aquelas que depois, e somente depois, revelam o quanto estávamos a vivenciar, exatamente, o que se chama “a divisão das águas”.

Eu estava desde o café da manhã com a música “O xote das meninas” (Luiz Gonzaga & Zé Dantas, 1953) rebolando dentro da minha cabeça; na verdade, com uma das duas deliciosas interpretações da Marisa Monte, e em especial os primeiros versos: “Mandacaru/ Quando fulora na seca/ É o siná que a chuva chega/ No sertão/ Toda menina que enjoa/ Da boneca/ É siná que o amor/ Já chegou no coração.../ Meia comprida/ Não quer mais sapato baixo/ Vestido bem cintado/ Não quer mais vestir timão...”.

E, a partir do meio da manhã, pensando já no tal programa: o almoço com a minha filha Alice (a Pipoca), com quase 10 anos de idade, e um amigo do coração, que, além de amigo do coração, vem a ser o padrinho da miúda.

Trata-se de um rito: sempre que saímos de Lisboa e vamos para o Rio de Janeiro, reservamos um dia especial para esse prosaico almoço especial, e após o programa a três acontece o programa a dois, que significa um passeio do padrinho com a afilhada, por várias lojas e sem qualquer pressa, para que ele lhe dê, a ela, um presente ao vivo, ali na hora, e por ela escolhido — o presente do padrinho. Assim fazemos há uns anos. Eu acompanho a dupla, mas de longe e proibido de dar pitacos, impedido de me meter: um assunto lá deles, um momento de afeto, intimidade e delicadeza. Às vezes entro numa livraria para sair do mundo. E assim fiz dessa vez, esquecido da vida, metido nas páginas e sem conseguir parar de cantarolar que toda menina que enjoa da boneca é sinal de que o amor já chegou ao coração…

E chegaram os dois à livraria, uma hora depois e com o presente escolhido, comprado e dado. Foi então que percebi o quanto ele estava emocionado; o quanto desejava compartilhar comigo o que viu e sentiu quando a viu e a sentiu, a ela, Alice, diferente e mais mulher (ou mais menina), a escolher enfim o seu presente, que não era uma boneca, como sempre foi, mas algo diferente; e não era apontando o dedo e gritando “Quero esta!”, como sempre foi, mas quieta e concentrada, a passear os dedos tamborilantes entre as saias e os vestidos dependurados; retirando em silêncio as peças prováveis dos cabides; colocando-as à sua frente, também em silêncio, num ensaio de experimentação que incluía virar-se de lado, de frente, de costas, aproximando-se e afastando-se do espelho, num ritmado ir e vir, num atento, lento e intimista mirar-se a si mesma e vendo, não mais a menina-criança que antes víamos, pai e padrinho, mas a menina-mulher que passamos a ver, transformada, diante do espelho.

— E… — disse eu ao padrinho — não há um só remédio em toda a medicina... Ainda bem.

6 de setembro de 2012

"Literaturas brasileira e hispânicas hoje" - Curso de Verão 2012

"América Latina Hoje" (Curso de Verão 5. edição)
3 a 7 de Setembro de 2012, Lisboa.
Organização: Casa da América Latina; Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).

Dia 7: Seminário 7 - "Literaturas brasileira e hispânicas hoje", por Juva Batella e Isabel Branco.

1 de junho de 2012

"Rir de si mesmo”

8. “Rir de si mesmo”, Revista Lilica and Tigor, São Paulo, jun. 2012 (data aproximada).

Observando bem, nestas últimas semanas, as minhas duas miúdas, a Alice e a Clara, vi o quanto elas são fortes e o quanto eu tenho mesmo é de aprender com elas. Digo isto porque na idade em que elas estão, 9 e 5 anos, eu não era assim tão confiante acerca de mim mesmo, e sofri, e sofri, e não foi pouco. E chorei muito, e fiquei, como se diz aqui, amuado. Com 5 anos, e também com 6, 7, 8, 9, 10, e provavelmente até aos 15 ou 16 anos, eu era inseguro e insatisfeito. Nasci com artrite reumatóide infantil, usava óculos, era magrelo e meio tortinho, e me sentia mal — sentia-me mal, antes de tudo, não pela artrite ou pelos óculos, embora isto não ajudasse, mas me sentia mal porque me chamava Juvenal, e a rima, aqui, embora tenha sido involuntária, não foi inocente.

Mudei de escola muitas vezes, e sempre que aparecia na nova sala de aula, com os novos amiguinhos e as novas amiguinhas, tornava-me motivo de chacota, e das mais violentas, por me chamar Juvenal. Eu ficava, na lista de chamada, logo a seguir ao Júlio, e a seguir ao Júlio a professora dizia “Juvenal”, e todos olhavam para trás, onde eu me sentava, e riam, riam a valer, e eu abaixava a cabeça e esperara, já com os olhos cheios de água, o soar da última gargalhada. “Juvenal: é esquisito mas não faz mal!”; “Juvenal, cara de boçal!”; “Juvenal, animal, banal e débil mental!”. Isto sem falar nas rimas impublicáveis… E por muito tempo, na escola, eu já com uns 14 ou 15 anos, cantaram uma música daquela banda de rock, “Chicago”, que dizia “Hold me now, it’s hard to me to say I´m sorry…”, mudando a letra para Juvenal, it’s hard to me to say I’m sorry…”. E riam, e riam de mim. Mais tarde, muito mais tarde do que era necessário, eu me transformei no “Juva”, e as coisas melhoraram um pouco. Bastante.

Nestas últimas semanas a Alice e a Clara viveram situações parecidas, não com os nomes, que são tão belos, mas com o aparelho fixo que a mais velha teve de colocar nos dentes da frente — e que a deixou com uma carinha engraçada e bastante vulnerável a todas as chacotas possíveis — e com os óculos (com umas lentes de 4 graus por causa de uma hipermetropia) que a mais nova tem de passar a usar o tempo todo.

Mal chegaram à escola e já riram delas. Riram da Alice, quando ela abriu a boca para dar “Bom dia!”, e riram muito da Clarinha quando ela entrou na sala com os seus óculos tão lindos, mas tão grandes e com as lentes tão grossas... E elas? A Alice respirou fundo e riu também, de si mesma, e fez alguma piada em cima daqueles que riram dela, ensaiando em seguida uma careta com os dentes, e a Clarinha, olhando bem para os amigos que riam dela, declarou, em voz bem alta: “Fui eu que escolhi, e estes meus óculos são lindos, são giros, são azuis, foram bastante caros, e eu estou muito engraçada com eles!”, e, esquecendo o assunto, e o trauma que não se concretizou, foi correr e brincar, mandando, de longe, um beijo apaixonado para o pai dela, um tal de Juvenal, que ali estava, a observar tudo, ensimesmado, a pensar em si mesmo e em quanto tempo e em quanta energia perdeu a sofrer por causa do que os outros estavam a pensar dele e do seu nome.

Sim, temos muito a aprender com os miúdos, e o mais importante talvez seja apender como se aprende, e só se aprende a aprender sabendo-se olhar com olhos de se ver. Só se aprende a aprender colocando-se no lugar do outro. E, principalmente, só se aprende a aprender quando se aprende a saber rir de si mesmo, e antes que os outros riam… Obrigado, meninas.

12 de abril de 2012

Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso

PALESTRA SOBRE O COMANDANTE VASCO MOSCOSO DE ARAGÃO, CAPITÃO DE LONGO CURSO, DO ROMANCE OS VELHOS MARINHEIROS, DE JORGE AMADO – LIVRARIA BULHOSA, 12 DE ABRIL DE 2012

29 de março de 2012

“Um conto e duas histórias”

Ciclo de Quintas-Feiras Culturais.

MAPA - Associação Cultural e Livraria Galeria Municipal Verney - Câmara Municipal de Oeiras.

Livraria Galeria Municipal Verney.

27 de março de 2012

“Quem teme a literatura?”

"Conversas Atlânticas"
27 de Março de 2012, Livraria Bulhosa, Lisboa.

"Diálogo literário com Mayra Santos-Febres (Porto Rico) e Juva Batella (Brasil)".
Moderador: Kristian Van Haesendonck.