“Marcel
Mauss narra um costume dos habitantes da Oceania que pode, num certo sentido,
ser considerado o gérmen de uma nova moral: o assassino deve morar na casa da
vítima e substituir o morto.
Bertolt
Brecht conta a história de um estudante de filosofia (discípulo excelente de
Simmel) que, por responsabilidade familiar, se transforma num bem sucedido
homem de negócios. Na velhice, dedica-se por fim a escrever um tratado de moral,
mas quando o termina esquece-o num trem. Recomeça o trabalho e incorpora o
acaso como o fundamento de seu sistema ético. Fazer da perda o princípio de
reestruturação de todo o sistema é (segundo Brecht) uma lição metodológica que
só se pode aprender no mundo dos negócios.”
Ricardo
Piglia, “A citação privada”, in O
laboratório do escritor, trad. Josely Vianna Baptista, São Paulo,
Iluminuras, 1994, p. 61.
Nenhum comentário:
Postar um comentário